Aqui no Instituto Órizon, nós sempre estamos buscando divulgar iniciativas que contribuem para fortalecer o ecossistema da filantropia no Brasil e ajudem os filantropos a potencializarem o impacto social dos recursos que eles investem. Por isso, estamos felizes em compartilhar uma nova publicação globalmente desenvolvida pela RPA (Rockefeller Philanthropy Advisors), com parceria do IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) no Brasil, sobre os perfis das organizações filantrópicas.
O estudo “Arquétipos da Filantropia: Nova Ferramenta para Análise Estratégica” traz uma análise sistematizada dos principais perfis de filantropos e investidores sociais. As diferenças são determinadas pelas estruturas, áreas de priorização, capacidades e redes de relacionamentos das organizações. Vivemos em um momento de grandes desafios, que incluem as desigualdades socioeconômicas, a crescente polarização, o racismo institucional e as mudanças climáticas.
Esses desafios são bastante complexos e exigem novas abordagens da filantropia para que ela siga sendo uma ferramenta relevante. Para isso, as organizações precisam rever não só o que pretendem fazer, mas como e para quem, repensando o envolvimento com os beneficiários, parceiros e comunidade.
O conceito dos Arquétipos da Filantropia é um desdobramento do modelo da Estrutura Filantrópica que foi desenvolvida pela RPA em 2019 e entrevistou 75 fundações, além de dezenas de sessões de trabalho com mais de 200 financiadores, peritos e parceiros de pesquisa nos EUA, Europa, Ásia, África e América Latina. A versão brasileira foi produzida com o apoio do IDIS.
Os Arquétipos da Filantropia
Com base nessa pesquisa, a RPA identificou os 8 arquétipos das entidades filantrópicas. Os nomes descritivos para os arquétipos pretendem ser metáforas – não descrições literais – baseadas em conceitos organizacionais familiares. São eles:
1 – Agência de Talentos: Identifica, fortalece e promove indivíduos e organizações próximas à sua causa de interesse.
2 – Think Tank: Aplica sua experiência e pesquisas internas na formulação e implementação de políticas públicas.
3 – Gestor de Campanha: Reúne um conjunto diversificado de agentes (financiadores, beneficiários, setor público) para implementar soluções complexas e demoradas.
4 – Construtor de Campo: Fortalece e desenvolve organizações, oferecendo um suporte constante, a fim de criar um ecossistema filantrópico mais robusto e contribuir com progressão em áreas problemáticas da sociedade.
5 – Catalisador de Risco: Fornece financiamento antecipado, muitas vezes sem restrições, para organizações novas e com pouco histórico comprovado.
6 – Designer: Aproveitam o conhecimento criado internamente com pesquisas para projetar e desenvolver novos programas.
7 – Subscritor: Um financiador institucional ou privado que faz uma “rande aposta” a instituições consolidadas ou causas, com base em seus valores e/ou experiências pessoais.
8 – Semeador: Fornece um grande volume de doações a uma gama diversificada de atores e instituições individuais.
Cada um desses arquétipos foi definido com base em diversos atributos: motivo/proposta de valor, recursos, principais capacidades e competências, equidade, resposta e atividades, audiência primária, comunidade servida, relacionamentos e alianças, e estudo de impacto. O relatório traz exemplos de entidades representativas de cada arquétipo e como eles são aplicados na prática, além de estudos de caso.
A conclusão do estudo é que se concentrar em um arquétipo operacional permite que um financiador articule como usa os seus recursos, instrumentos e capacidades para cumprir a sua visão. Os arquétipos permitem ainda que os financiadores compreendam melhor onde se encontram (estado atual), onde querem estar (estado aspiracional), como se podem comparar a outros participantes na área, e a sua posição única no ecossistema das outras filantropias e parceiros
Para quem atua em uma organização filantrópica e está com dificuldades para definir o foco dos investimentos, vale a pena baixar, ler e analisar o estudo completo, disponível no site do IDIS, pensar em qual desses arquétipos ela se encaixa, e como potencializar essa vocação.