Como mensurar o retorno social de um investimento?

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Sempre falamos aqui nos conteúdos do Instituto Órizon, sobre as características e vantagens do modelo do venture philanthropy para o apoio a ações de impacto social. No artigo anterior, por exemplo, falamos sobre porque investir com base nesse modelo. Lembramos que o objetivo do venture philanthropy é o planejamento de médio e longo prazos, envolvendo apoio monetário e suporte estratégico na gestão das entidades sociais. Esse modelo foca a medição rigorosa dos resultados sociais e a sustentabilidade para gerar mudanças sistêmicas e duradouras.

No e-book que produzimos sobre venture philanthropy na prática, mostramos como essa modalidade é, grosso modo, a aplicação de princípios da indústria de private equity para o terceiro setor. No private equity, o foco principal são a escalabilidade e rentabilidade do investimento, e são realizadas aplicações de alto risco em startups e empresas emergentes com grande potencial de crescimento e retorno financeiro. No venture philanthropy, e investidores e filantropos fornecem capital, orientação e suporte estratégico para organizações sem fins lucrativos ou empresas sociais. Nesse modelo, o que se deseja é capacitar as organizações para promoverem eficiência e sustentabilidade, causando mudanças sociais duradouras e mensuráveis.

Um dos pontos mais importantes tanto para o private equity é uma mensuração de resultados com confiabilidade e consistência, baseada em dados e fruto do monitoramento constante das atividades durante todas as etapas do projeto. No mundo do investimento privado, a métrica de resultado mais importante é o ROI (Return on Investment, ou Retorno sobre o Investimento), ou seja, o quanto cada R$ 1 em investimento traz de retorno financeiro. Para o investimento social, essa métrica foi adaptada para se tornar o SROI (Social Return on Investment, ou Retorno Social sobre o Investimento.

O que é o SROI e como ele difere do ROI

Assim como o ROI é amplamente usado no setor privado para medir o retorno financeiro de um investimento, o SROI foi adaptado para mensurar o valor social gerado por uma ação, projeto ou organização. Em outras palavras, o SROI nos ajuda a responder: qual o impacto real que estamos gerando para cada real investido em nossas iniciativas sociais?

No caso do investimento social, essa métrica não pode considerar apenas os resultados tangíveis, mas também os intangíveis — como a melhora na qualidade de vida, o fortalecimento de vínculos comunitários ou o aumento da autoestima de pessoas beneficiadas. E tudo isso é traduzido em valor para que possamos analisar de forma comparável e estratégica o impacto gerado.

Há dois tipos de SROI: o de avaliação, que é conduzido retrospectivamente e baseado em resultados reais, que já tenham acontecido; e o SROI de previsão, que prevê quanto valor social será criado caso as alternativas alcancem os resultados esperados. O SROI foi desenvolvido por meio de análises de contabilidade social e custo-benefício e tem como base sete princípios. Esses princípios sustentam como o SROI deve ser aplicado. São eles:

1. Envolver os stakeholders.

2. Entender o que muda.

3. Valorizar as coisas que importam.

4. Incluir somente o que for material.

5. Não reivindicar em excesso.

6. Ser transparente.

7. Verificar o resultado.

O Guia para o Retorno Social sobre o Investimento, elaborado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e Charities Aid Foundation (CAF), é uma ótima introdução sobre o SROI e como aplica-lo.

Medir impacto com profundidade e responsabilidade é essencial para a sustentabilidade e a credibilidade das organizações sociais. Ferramentas vindas do setor privado, como o SROI, resultam em maior capacidade de gestão, melhor comunicação com parceiros e financiadores, e, principalmente, aumento do potencial de gerar transformações reais e duradouras.

Como mensuramos o resultado social no Órizon

No Órizon, utilizamos diversas metodologias trazidas do universo dos investimentos privados para mensurar o resultado do nosso apoio às OSCs: Colégio Mão Amiga, Pró-Saber SP, Rede Cruzada e Fundação Iochpe – Formare. Voluntários das equipes de nossos fundos fundadores, Patria Investments, SPX Capital, Vinci Partners – Fundos de Investimento e Warburg Pincus LLC, e apoiadoras institucionais, como Farmax e Vero Internet, e parceiros técnicos, como a Bain & Company, Global Frontis Consulting e PwC, dedicam tempo a desenvolver e aplicar as ferramentas de mensuração.

Assim, por exemplo, sabemos que, até o momento, cada R$ 1 doado para o Órizon gerou cerca de R$ 7,30 em captação de recursos adicionais para fortalecer as organizações, por meio das diversas intervenções realizadas para melhorar a capacidade organizacional e operacional das nossas apoiadas. Para chegar a esse cálculo, pegamos o crescimento na captação total de recursos das organizações no período de três anos em que mantivemos o apoio, e dividimos pelo valor total doado diretamente pelo Órizon no mesmo período.

Esse resultado incrível é fruto do trabalho e dedicação dos voluntários dos fundos, apoiadoras e parceiros que doaram seu tempo e sua expertise para ajudaram as OSCs apoiadas e, principalmente à equipe das OSCs, que com muita garra e competência provaram que foram bem escolhidas para receberem apoio via venture philanthropy!

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