Doações para OSCs caíram 67% em 2023: como mudar o cenário?

Como anda a cultura da doação para OSCs no nosso país? Já havíamos alertado que o Brasil caiu na lista dos países mais generosos do mundo no World Giving Index. Agora chega um novo alerta para as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) brasileiras. Principalmente aquelas que dependem de doações para geraram impacto social positivo.

Situação atual das doações as OSCs

Segundo levantamento do Monitor das Doações, doações às OSCs registrou uma queda de 67% em 2023, em relação ao ano anterior. O dado foi gerado a partir de uma ferramenta mantida pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR). Com o apoio do Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE), ela registra doações individuais acima de R$ 3 mil e divulgadas publicamente.

Até 31 de dezembro de 2023 foram registrados R$ 474,9 milhões em doações, representando apenas 33% do montante registrado em 2022, que totalizou R$ 1,4 bilhão. Além disso, o número de doadores diminuiu em quase 60%, passando de 397 para 158.

É importante lembrar que o Monitor só registra as doações divulgadas publicamente. Sendo assim, muitos doadores que preferem manter o anonimato não são vistos, mas essa queda expressiva das doações é preocupante. Como explica o diretor-executivo da ABCR, Fernando Nogueira, a queda “sinaliza menor disposição por parte de doadores de revelarem que doam e em qual volume”, e a divulgação das doações é importante para incentivar outros potenciais doadores e consolidarem a cultura da doação no Brasil.

Terceiro setor contribui com o PIB e gera empregos

Além do impacto direto causado por suas atividades nas vidas de quem mais precisa, as mais de 800 mil OSCs atuantes no Brasil contribuem com a economia brasileira ao gerar empregos e promover o desenvolvimento de comunidades. De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o Terceiro Setor contribui com 4,27% do Produto Interno Bruto (PIB) e gera mais de 6 milhões de empregos. Por isso, o estímulo à doação é fundamental.

O levantamento do Monitor de Doações também mostra as causas mais apoiadas e quais foram as maiores doações, dados que podem ser interessantes para as OSCs montarem seus planejamentos de captação de recursos. Saúde, meio ambiente, assistência social e fortalecimento da filantropia foram as áreas mais apoiadas. As empresas e indivíduos doadores mostraram ao longo do ano um interesse diversificado. Chama atenção o investimento no fortalecimento das atividade filantrópicas, importante para a consolidação e fortalecimento da cultura de filantropia no Brasil.

A maior doação individual em 2023 é do BNDES com a Embaixada da Alemanha. Eles doaram R$ 115 milhões para o Fundo Amazônia, para auxiliar vítimas da forte seca que atingiu a região Norte no ano passado. A maior doação de uma pessoa física foi realizada pela advogada e empresária gaúcha Nora Teixeira. Ela destinou R$ 36 milhões para o hospital que leva seu nome, localizado em Porto Alegre.

Divulgação das doações para OSCs é fundamental

Como explica a líder do Dia de Doar, Carolina Farias, “O Monitor das Doações acompanha o que foi publicado na internet como fonte para a soma das doações, simbolizando não só o que foi doado, mas o interesse do próprio doador em compartilhar o bom exemplo. Incentivamos sempre que as doações sejam públicas para que inspirem outros doadores a fazerem o mesmo”. Assim, vale a pena empresas ou pessoas físicas que realizam doações divulgarem por meio da imprensa, e também podem informar diretamente ao Monitor. Para tornar pública a doação e o nome de quem doa é necessário enviar um e-mail para contato@diadedoar.org.br com informações sobre a doação e o valor.

Agora em 2024, certamente o impacto das inundações no RS e a onda de solidariedade para ajudar os atingidos deve reverter esse quadro. É muito importante para que todas as doações sejam públicas. Assim poderemos incentivar mais doadores e também mostrando a transparência na aplicação destes recursos, garantindo a efetividade e que o impacto chegue aos mais afetados.

O Instituto Órizon nasceu para fomentar a cultura da filantropia entre o setor brasileiro de Investimentos Privados (Private Equity), utilizando a metodologia do Venture Philanthropy. Já doamos diretamente mais de R$ 1,7 milhão e alavancamos a captação de recursos em quase R$ 9 milhões para nossas OSCs apoiadas: Colégio Mão Amiga, Pró-Saber SP, Rede Cruzada, Fundação Iochpe e Todos pela Educação.

Seguiremos divulgando a cultura de doação por nossas ações, inclusive com os artigos e outros conteúdos sobre o tema publicados em nossas redes.

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