Você já deve ter ouvido que uma das principais “travas” para o desenvolvimento do Brasil é a baixa produtividade dos nossos trabalhadores. Isso não quer dizer que o brasileiro não trabalha duro, mas que essa labuta poderia ser mais bem aproveitada e gerar um retorno maior à economia. Falta qualificação profissional via ensino técnico e profissional que permita aos trabalhadores atuar nos setores mais avançados da economia, em especial os ligados à tecnologia.
No entanto, a economia brasileira poderia rumar para outro caminho. Uma alternativa seria se o Brasil conseguisse triplicar o número de matrículas na Educação Profissional e Tecnológica (EPT) o ensino médio técnico, voltado para formação profissional. Segundo estudo dos pesquisadores do Insper Marcelo Santos, Sergio Firpo, Vitor Fancio e Clarice Martins, apoiado pelo Itaú Educação e Trabalho, triplicar os alunos do ensino médio técnico traria um aumento de até 2,32% no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.
A pesquisa também conclui que profissionais que tem o ensino médio técnico ganham 32% a mais do que os que fizeram o ensino médio tradicional. Além disso, o número relacionado ao desemprego também chama atenção: 7,2% entre aqueles que realizaram ensino técnico, enquanto 10,2% entre aqueles que não fizeram.
Estudo e programa do governo indicam caminho via ensino
O estudo foi apresentado em um evento promovido pelo Itaú Educação e Trabalho em junto com a organização Todos pela Educação – referência na pauta do acesso à educação básica de qualidade e parceira do Instituto Órizon – e o jornal Valor Econômico, que discutiu a importância do ensino técnico e as propostas do governo federal para expandir o acesso a essa modalidade de ensino.
No evento, Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho, trouxe outro dado relevante: 88,8% dos alunos do ensino médio atualmente estão em escolas públicas. Destes, apenas 25% ingressam na universidade. Nesse contexto, o ensino técnico surge como alternativa para parte desses jovens se qualificarem e e obterem melhores oportunidades no mercado de trabalho. Até mesmo em carreiras com alta demanda, como as ligadas à tecnologia.
Triplicar as matrículas é uma meta do Ministério da Educação para o ensino técnico. Nesse sentido, para viabilizá-la o governo federal lançou um projeto ambicioso. No “Juros por Educação”, o governo federal oferece uma redução dos juros das dívidas dos estados, se os governos estaduais se comprometerem a investirem o valor que economizarão com os juros em expandir as matrículas nas escolas técnicas até 2030.
Cada R$ 1 investido no ensino técnico traz R$ 8,60 de retorno
Para a Todos pela Educação, esse programa, se bem formulado, pode fazer com que essa meta que trará muitos benefícios aos nossos jovens e ao Brasil se torne realidade. Atualmente, apenas 11% de nossos jovens fazem o ensino médio na modalidade técnica. Priscila Cruz e Olavo Nogueira, respectivamente presidente-executiva e diretor-executivo da Todos pela Educação, afirmam em artigo para o Valor que embora a proposta precise ser melhorada para não “premiar” os estados com maiores dívidas e garantir a efetividade na aplicação dos recursos, o retorno que a expansão do ensino técnico pode trazer ao Brasil faz com que o projeto tenha potencial transformador.
Além do estudo do Insper, eles citam outra pesquisa, liderada por Ricardo Paes de Barros. Nela, vemos que cada R$ 1 investido no EPT traz um retorno de R$ 8,60, quase oito vezes! Os executivos da Todos pela Educação admitem que é preciso um grande investimento na construção de escolas. Sendo assim, é necessário a aquisição de equipamentos e contratação de professores e técnicos para viabilizar essa expansão das matrículas. Porém, a médio e longo prazo essa conta se paga com folga. Eles lembram que o investimento anual por aluno do Brasil ainda é menos da metade da média dos países que fazem parte da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).
Outras propostas apresentadas
As propostas de alterações na Reforma do Ensino Médio, também apoiadas pela Todos pela Educação, incluem a maior articulação entre a EPT e o ensino médio, permitindo que parte da carga horária regular seja destinada à realização de um curso técnico, considerado algo crucial para viabilizar o aumento da oferta e do acesso dos jovens à EPT. O governo federal anunciou a meta de até 2026 chegar a mil Institutos Técnicos Federais em todo o país. Ou seja, estamos em um momento favorável para dar esse salto que trará muitos frutos!
Órizon apoia o ensino técnico e profissional
O Instituto Órizon acredita na potência do ensino técnico como indutor de desenvolvimento e de transformação nas vidas de milhões de jovens. Por isso, entre uma de nossas organizações sociais apoiadas está a Fundação Iochpe, que desenvolve projetos focados na formação profissional.
Um dos principais é o Mentorare. Nesse programa, voluntários de grandes empresas mentoram jovens do ensino médio, os ajudando a desenvolver seus planos de vida e carreira. Por meio do ecossistema Órizon, profissionais da Farmax, uma de nossas parceiras, já mentoraram alunos do Colégio Mão Amiga, outra das OSCs que apoiamos.
Por tudo isso, assim como a Todos pela Educação, apoiamos essa meta de triplicar as matrículas no Ensino Profissional e Tecnológico!