Filantropia independente cresce no Brasil e demonstra eficácia

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Quando pensamos em filantropia, geralmente a associamos com fundações mantidas por grandes empresas e famílias de alta renda. Embora essa prática seja muito importante e uma forma dessas pessoas físicas e jurídicas cumprirem sua função social, muitas vezes esse modelo reproduz a desigualdade social nas ações de impacto que desenvolvem. Afinal, geralmente quem mais precisa de uma ajuda tem dificuldades até de se fazer ouvir e apresentar sua demanda, ou mesmo de formalizar uma organização social e lidar com burocracia e processos complexos de prestação de contas.

Garantir que os recursos de doações cheguem realmente à ponta mais necessitada da nossa sociedade depende de estar presente nos territórios onde vive a população mais vulnerável, construir laços de confiança e relacionamentos com os vários atores locais e entender de fato aquela realidade. Como parte das soluções para esse “abismo” entre a ponta mais rica da sociedade, a que doa, e a mais pobre, que recebe, se desenvolveu a chamada “filantropia independente”.

Capilaridade e proximidade garantem aplicação dos recursos

Os fundos independentes são mantidos por recursos de fontes diversificadas e doam também para a mais diversa gama de movimentos sociais, organizações da sociedade civil e outras iniciativas mantidas e direcionadas para a população de baixa renda. Sua estrutura de governança não é ligada a uma empresa ou família, e sim distribuído entre os principais interessados: os beneficiários. Em contrapartida à maior liberdade para aplicar os recursos, não há recurso garantido.

Essa modalidade de filantropia cresceu 39% no Brasil entre 2018 e 2020, segundo o Censo GIFE, com o total investido passando de RS 295 milhões para R$ 410 milhões.  Para os especialistas ouvidos pelo GIFE, esse aumento se deve no aumento da consciência sobre essa desigualdade que se reproduz no acesso aos recursos filantrópicos. Mas não é apenas o reconhecimento de uma demanda dos movimentos e organizações que impulsiona a filantropia independente. A capacidade e capilaridade dessas organizações de fazerem os recursos chegarem na ponta, pela proximidade, garantem a eficiência do investimento e o retorno social.

Venture Philanthropy pode impulsionar filantropia independente

A origem da maior parte dos valores que formam os fundos filantrópicos independentes ainda é de investidores e doadores internacionais, mas a comunidade de doação no Brasil já está mais atenta à essa modalidade de filantropia que mostra sua eficácia. Infelizmente, alguns fatores ainda limitam o crescimento dos fundos independentes. Ataques à credibilidade das organizações sociais, motivadas também por casos reais de corrupção e desvio de recursos de algumas poucas ONGs que não representam a maioria do Terceiro Setor, e dificuldades até das organizações para prestação de contas e mensuração de resultados são os principais.

Para melhorar esse cenário, é importante que os financiadores tenham um relacionamento próximo com a gestão dos fundos e as organizações beneficiadas. O compartilhamento de experiências, tecnologias e expertise pelo estabelecimento de parcerias e diálogo entre a filantropia empresarial e fundos independentes. Neste contexto, o Venture Philanthropy surge como um conceito que pode agregar muito à filantropia independente. Baseado no relacionamento próximo e de longo prazo entre financiadores e beneficiados, e no apoio para profissionalizar a gestão das organizações financiadas, o Venture Philanthropy pode formar a ponte que liga estes “abismos”.

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