Temos falado bastante por aqui sobre as pesquisas mais recentes que saíram sobre a cultura de doação no Brasil. A pesquisa Doação Brasil 2022 do IDIS (Instituto de Desenvolvimento do Investimento Social), por exemplo, apontou que 48% dos brasileiros fizeram alguma doação em dinheiro no ano passado. Mas a porcentagem cresce bastante, para 84%, quando perguntados se fizeram uma doação de qualquer tipo.
Isto é algo sempre importante de lembrar quando falamos em filantropia e cultura de doação. Embora as doações em dinheiro (que hoje, geralmente são feitas por meios digitais, como o Pix), sejam fundamentais, há muito mais formas de ajudar pessoas em dificuldades ou organizações sociais que prestam assistência a pessoas em vulnerabilidade e que desenvolvem qualquer tipo de trabalho social.
Na última década, formas alternativas de financiamento e arrecadação de recursos para organizações e projetos sociais se diversificaram enormemente. A revolução digital possibilitou o surgimento de diversos mecanismos que facilitam as doações de valores financeiros ou de qualquer outra forma de apoio, de trabalho voluntário à doação de alimentos, medicamentos, roupas e até equipamentos usados para empreendedorismo e geração de renda.
A facilidade dos meios de pagamento digitais e o período da pandemia da Covid-19, que dificultou bastante as campanhas tradicionais de fundraising das OSs, impulsionaram bastante a digitalização da filantropia. Mas diversas formas alternativas tradicionais de arrecadação já são usadas por sucesso por OSs há bastante tempo, e ainda têm um papel importante no mix de recursos que essas organizações recebem.
Vamos falar um pouco mais sobre essas formas alternativas de doação e financiamento de ações sociais, sejam novas e digitais ou antigas e “analógicas”:
Crowdfunding
Essa modalidade de arrecadação, também conhecida como financiamento coletivo, cresceu muito nos últimos anos, com uma ideia simples: a digitalização das boas e velhas vaquinhas. Uma pessoa ou organização que precisa de apoio lança uma campanha em uma das plataformas de crowdfunding disponíveis falando o valor que precisa arrecadas e o prazo, e divulga pelos meios digitais. O responsável pela campanha pode disponibilizar recompensas para quem doar determinados valores. Além de ações de impacto social, o crowdfunding é muito utilizado para financiar iniciativas artísticas e culturais, tratamentos de saúde e muito mais.
Marketing digital social
O marketing digital revolucionou a forma de empresas e marcas se comunicarem com seus clientes, conquistarem novos consumidores e fidelizá-los. As organizações sociais podem utilizar as mesmas ferramentas que organizações com fins lucrativos usam para vender seus produtos e serviços. Além da aquisição de mídia das redes sociais ou da compra de anúncios do Google, o e-mail marketing é cada vez mais utilizado para campanhas de arrecadação de recursos para ONGs e projetos sociais. Uma grande vantagem do marketing digital é a possibilidade de segmentação e personalização de anúncios para atingir públicos específicos.
Programas de apadrinhamento
Os programas de apadrinhamento são bastante utilizados por OSs que realizam projetos de assistência para crianças e adolescentes. Os “padrinhos” são doadores que doam uma quantia recorrente para custear o atendimento de uma criança ou adolescente. Esse método aproxima os doadores dos beneficiários, criando uma conexão emocional. A Rede Cruzada, uma das OSs apoiadas pelo Instituto Órizon, tem um programa de apadrinhamento para seu projeto Deskobrir, de contraturno escolar. Os padrinhos podem contribuir com R$ 350 mensais para cobrir uma bolsa total para um aluno do projeto, ou R$ 175 para uma bolsa parcial.
Eventos e venda de produtos e serviços
Muitas organizações sociais promovem eventos, como festas, bazares e feiras solidárias, para vender produtos e serviços com a renda revertida para os projetos sociais. Além desses eventos, as OSs podem vender esses produtos em suas sedes, ou pela internet. Muitas vezes, comerciantes locais doam produtos para serem vendidos ou ingredientes e equipamentos para produzir itens como alimentos e artesanato para venda. O Instituto Pró-Saber SP, outra entidade apoiada pelo Órizon, por exemplo, tem o “Bazar da Pechincha”, um brechó de roupa e acessórios usados que funciona na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, onde o instituto mantém suas atividades educacionais.
Arredondamento de compras e nota fiscal solidária
Outra modalidade de arrecadação que cresceu bastante nos últimos anos é a chamada “doação de oportunidade” no comércio, por meio ou do arredondamento de compras, com o valor extra revertido para um projeto social, ou pela doação de Notas Fiscais sem CPF, em que os créditos de tributos podem ser direcionados para organizações e projetos sociais.
Essas são só algumas das formas alternativas de arrecadação de recursos para organizações sociais que auxiliam muito as OSs a manterem e expandirem seus projetos de impacto. As redes digitais sem dúvida facilitaram bastante a arrecadação, mas sempre devemos lembrar que, por trás das telas e dispositivos, está o desejo humano de ajudar o próximo e contribuir para um mundo melhor. Seja qual for o método, suporte e objeto da doação, o importante é ajudar!