Fortalecimento institucional é o grande desafio das organizações de Filantropia Independente

Filantropia Estudo

Em julho, publicamos aqui no Linkedin do Instituto Órizon um artigo sobre como a Filantropia Independente está se consolidando no Brasil e demonstrando sua eficácia. E realmente essa modalidade de filantropia, formada por fundos mantidos por recursos de fontes diversificadas, que doam para uma diversa gama de movimentos sociais, organizações da sociedade civil e outras iniciativas, vive um momento de crescimento.

Em setembro, foi publicada a primeira edição do estudo “Filantropia que Transforma”, produzido pela Rede Comuá, que reúne 16 organizações filantrópicas. A pesquisa apresenta um panorama atualizado da filantropia independente no Brasil, a partir de 31 organizações de filantropia independente mapeadas e analisadas.

Uma das principais prioridades dessas organizações hoje, segundo o estudo, é o fortalecimento institucional de organizações que atuam na defesa de direito. Para 74% dos que responderam, esse é o principal foco de destinação das doações. Faz sentido que essa seja a grande prioridade, pois historicamente, pela dinâmica socioeconômica, as organizações que atendem a população mais vulnerável são também as mais frágeis institucionalmente.

Por exemplo, outra pesquisa, da Iniciativa PIPA, mostrou que 31% das OSCs que atuam nas periferias sobrevivem com menos de R$ 5 mil ao ano. Oferecer um apoio flexível, com autonomia e interseccional para essas entidades é uma tarefa hercúlea. O fortalecimento institucional realmente é um primeiro passo essencial para que elas possam potencializar sua oferta e impacto social.

Proximidade com as comunidades potencializa a Filantropia Independente

O estudo revelou ainda que, até 2021, foram quase R$ 472 milhões em doações diretas arrecadadas pelas 14 organizações que fazem parte da Rede Comuá. Essas doações foram para mais de 10 mil iniciativas apoiadas, e geraram 719 empregos. O mapeamento mostrou também uma grande diversidade das organizações, democratização do acesso a recursos e capacidade de grantmaking da Filantropia Independente.

A proximidade das organizações sociais com as comunidades onde atuam faz a diferença: 87% das organizações mapeadas incluem as contribuições de lideranças, comunidades e organizações apoiadas em seus processos decisórios, reconhecendo o protagonismo dos atores locais na transformação do território.

Desafios incluem expandir a Cultura de Doação

Outra conclusão da pesquisa é que, apesar da filantropia comunitária ter sido essencial para combater os piores efeitos da Covid-19 entre a população mais vulnerável, a crise da pandemia, dentro de um contexto mais amplo de crise política e econômica nos últimos anos no Brasil, é um dos principais desafios externos que as organizações enfrentam atualmente.

A necessidade de ampliar a Cultura de Doação em nosso país é outro grande desafio. As doações de organizações internacionais continuam sendo a principal fonte de recursos para a filantropia comunitária e de justiça social no Brasil. Para que isso mude, é preciso avançar justamente no fortalecimento institucional do modelo de Filantropia Independente e Comunitária e na divulgação desta modalidade e suas vantagens, que, como vimos, são muitas.

Finalizando, outra conclusão do estudo vem de encontro com o que nós do Instituto Órizon acreditamos e que é uma das bases do modelo de Venture Philanthropy: a importância de doar não apenas recursos financeiros, mas também oferecer apoio na forma de acesso à rede de conexões, estrutura de fundraising e conhecimento. Vale ler o relatório completo da pesquisa Filantropia que transforma para entender melhor como funciona a Filantropia Independente e como ela transforma vidas no Brasil!

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