Sem dúvida o chamado ESG (Environmental, Social and Governance, ou Meio Ambiente, Social e Governança) entrou na pauta dos investidores e empresas nos últimos anos. Mas ainda estamos no momento de consolidar e definir os detalhes sobre essa pauta, e estudos mostram que falta estabelecer padrões consistentes para medir o impacto nessas áreas. Enquanto na área ambiental essa definição já está mais avançada, em especial na frente social ainda estamos dando os primeiros passos.
O Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) é uma entidade que vem contribuindo muito para essa consolidação, e como parte deste esforço, realizou no dia 22 de junho o seminário ESG e o Investimento Social Privado, em uma manhã de discussões com 4 painéis e a participação de especialistas. O Instituto Órizon é parceiro do IDIS e participamos do painel sobre “Finanças Híbridas e ESG”, representados por Roberto Leuzinger, membro do conselho do Órizon e responsável por ESG na Vinci Partners, um dos fundos de Private Equity que se uniram para criar o instituto.
Como o nome indica, “finanças híbridas” se referem a uma combinação de capital filantrópico (doações, geralmente a fundo perdido) e capital privado (que prevê um retorno financeiro sobre o investimento) para investir em negócios e organizações que queiram realizar ações de impacto social. Como lembrou o diretor de projetos do IDIS Renato Rebelo, que moderou o painel, a ideia é que esses mecanismos mistos sirvam de alavanca para aumentar os investimentos privados que trazem retorno financeiro e também o impacto social. Ele ressaltou que, embora essa agenda hoje esteja bem concentrada nos fundos de desenvolvimento e fundações familiares, há uma excelente oportunidade para as empresas utilizarem esses mecanismos para suas atividades de ESG e investimento social privado, algo que elas estão buscando.
Além de Leuzinger, participaram do painel Carolina Costa, sócia e head de investimentos Blended Finance da Mauá Capital, e Paulo Boneff, head global de Responsabilidade Social da Gerdau. Carolina afirmou que, embora o mercado de capitais ainda esteja engatinhando na construção de reais mecanismos para materializar uma real economia com bases ESG, esses modelos híbridos podem criar inovação para construção dessas bases, gerando incentivos econômicos para todos os atores. Paulo falou sobre como a Gerdau realizou uma transição na cultura da empresa a partir de 2014, resultando em uma mudança de governança que revisou a estratégia de sustentabilidade para incorporar o aspecto social. Atualmente, eles apoiam ações ligadas a temas onde a empresa tem uma atuação forte, como reciclagem, empreendedorismo e, principalmente, habitação.
Instituto Órizon traz estratégias do private equity para o investimento social
Em sua fala, Roberto falou sobre o conceito de Venture Philanthropy, que guia as ações do Instituto Órizon. Como uma entidade formada por profissionais com grande expertise em private equity, as diretrizes utilizadas na estratégia de investimento desses fundos foram adaptadas para a realidade do investimento social. “Desde o processo inicial, que passa pela due dilligence, em que investigamos e fazemos o diagnóstico da organização, em questões de governança, captação de recursos, que é crucial e gestão”, explica.
Ele lembrou da importância do envolvimento da área financeira de uma empresa que queira investir em impacto social, para que a iniciativa não fique compartimentalizada na área de sustentabilidade e/ou responsabilidade social. “O CFO tem que estar envolvido e pensar: ‘como uso meu balanço a serviço dessa causa?’”, afirmou. Roberto explicou que, como gestores de recursos de terceiros, os fundos que formam o Órizon entendem que os investidores têm a expectativa de receber algo em troca. Em investimentos tradicionais, a expectativa é de retorno financeiro, equilibrado com o risco. No caso dos fundos de impacto social, esperam o retorno em impacto, que deve ser bem mensurado. “Buscamos equilibrar o retorno financeiro e impacto socioambiental. Por isso, o trabalho de seleção dos investimentos é muito maior”.
Os aportes do Instituto Órizon nas entidades apoiadas pelo edital lançado em 2021 são doações, a fundo perdido. No entanto, Leuzinger explicou que também faz parte da missão do instituto engajar o nosso ecossistema de empresas investidas nessa iniciativa, participando com doações mas também com o engajamento do trabalho voluntário e destinação de recursos não-financeiros, também parte integral do modelo de Venture Philanthropy. “Os analistas de investimento dos fundos doam seu tempo de forma voluntária para participar do processo de seleção, e depois de selecionadas as organizações, fazem um acompanhamento. Então temos três aportes: investimento de capital, trabalho voluntário e as práticas de gestão, as mesmas que aplicamos em nossas empresas investidas, de geração de valor, pra essa empresa ou organização melhorar. É situação de ganha-ganha”.
Ele lembrou que a rede do Órizon já inclui grandes nomes, como Bain, Pwc e Pinheiro Neto. “O Órizon está desenvolvendo esse modelo de forma bem inovadora, acho que traz benefício pra todo mundo, e espero que seja replicado em outras entidades”, finalizou. Esta é nossa missão, e agradecemos o IDIS pela oportunidade de participar desse seminário e ajudar a desenvolver essa rede!
Para saber mais:
Painel “Finanças Híbridas e ESG” – Seminário “ESG e o Investimento Social Privado: Os desafios da agenda social” – IDIS