Nos últimos anos, temos ouvido falar muito sobre investimento social. Se, há não muito tempo, as ações para enfrentar problemas sociais como a pobreza, desigualdade e falta de acesso à saúde e educação, eram financiadas basicamente por recursos públicos e filantrópicos, “a fundo perdido”, agora está provado que é possível investir em projetos, ações e organizações que fazem um trabalho social, mas cujo resultado também pode gerar lucro.
Com o aumento da cobrança da sociedade para que as empresas se engajem em causas e ações sociais, o chamado Investimento Social Privado (ISP) tem ganho grande relevância. Basicamente, o ISP é uma contribuição de empresas privadas para financiar projetos que beneficiem de alguma forma a sociedade, mas que também tem o objetivo de gerar um retorno financeiro, ou ao menos “zerar a conta”, ao contrário das doações. Este conceito começou a ganhar popularidade na década de 1990 e, mais recentemente, evoluíram muito os formatos, metodologias e conceitos de investimento social privado, e os resultados são bastante animadores.
Um dos principais motivos para que o investimento social privado tenha mais eficiência do que outras formas de financiamento de ações sociais é uma característica inerente ao setor privado: a preocupação com o planejamento, monitoramento e avaliação dos projetos. O ISP também tem a tendência de se direcionar a projetos de longo prazo, que vão beneficiar a sociedade por mais tempo, enquanto as ações chamadas “assistencialistas” são focadas em resolver questões emergenciais, como apoio a vítimas de desastres naturais ou crises como a que vimos na pandemia da Covid-19.
O GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, é a principal referência sobre ISP no Brasil, e no site deles há um ótimo conteúdo sobre o que é e como funciona o Investimento Social Privado. Outra instituição muito relevante no cenário brasileiro do investimento social é a Sitawi Finanças do Bem, que também traz um excelente material sobre o tema, listando os diversos tipos de investimento social.
O primeiro passo é diferenciar o investimento social, investimento verde e investimento de impacto. Segundo a Sitawi, o investimento social é a alocação de recursos realizada por uma empresa privada em ações de responsabilidade social e/ou ambiental, de acordo com seus valores corporativos e sua área de negócio.
Investimentos verdes são destinados a ações como mitigação das alterações climáticas, o uso sustentável e a proteção de recursos hidráulicos, a transição para ou a adoção de uma economia circular, o controle da poluição e a proteção e restauração da biodiversidade e dos ecossistemas. Já os investimentos de impacto positivo são os voltados a atividades econômicas sustentáveis, ou seja, atividades que dão lucro, mas também impactam positivamente a sociedade e o meio ambiente.
Os investidores sociais também podem ser de vários tipos, e incluem pessoas físicas e pessoas jurídicas. Os principais são:
Investimento social empresarial: ações sociais promovidas com recursos de origem empresarial e administradas por pessoas ligadas à empresa investidora.
Investimento social independente: financia ações mantidas por mais de uma pessoa ou organização, e os mantenedores não têm interferência direta no trabalho.
Investimento social familiar: organizações sem fins lucrativos criadas e mantidas por uma família e administradas por seus membros.
Investimento social comunitário: reúne recursos de uma ou mais organizações ou pessoas, de maneira a gerar um fundo para investimento em determinada comunidade.
Incentivos fiscais para investimento social
No Brasil, uma modalidade muito difundida de investimento social privado é por meio de mecanismos de renúncia fiscal. Empresas ou pessoas físicas podem escolher destinas parte dos valores que pagariam em impostos para o governo para ações sociais, de educação, cultura, saúde, esporte etc. Além da conhecida Lei Rouanet, que destina recursos par a cultura, temos a Lei do Esporte, os Fundos dos Direitos da Criança com Deficiência, Pessoas com Deficiência, Idosos e outros.
A tecnologia digital também possibilitou o surgimento de novos mecanismos de investimento social mais democráticos, práticos e de grande impacto, como as plataformas de crowdfunding, que recebem pedidos de apoio para todo o tipo de projeto e divulgam para potenciais apoiadores. A Sitawi, por exemplo, possui uma Plataforma de Empréstimo Coletivo com essa proposta.
Venture Philanthropy mescla filantropia e ISP
O Venture Philanthropy, modelo adotado pelo Instituto Órizon, reúne os conceitos de filantropia com o investimento social. Os recursos que destinamos às organizações sociais apoiadas são doações, mas são geridos de acordo com as melhores práticas do mercado de investimentos, em especial da área de private equity. Isso garante a eficiência na aplicação dos recursos e maximiza o impacto causado, pois no Venture Philanthropy, além dos recursos financeiros, o apoio estratégico, organizacional e operacional também é fundamental.
Aqui no Órizon, por exemplo, as empresas e fundos mantenedores atuam oferecendo suporte para melhorar a gestão das OSCs, realizar sua transformação digital e aprimorar as ferramentas e métodos de avaliação de resultados. Isso garante a melhoria constante do atendimento, a sustentabilidade da organização a longo prazo e a escala do impacto gerado.