Nas últimas semanas, o Brasil está vibrando pelos nossos atletas nos Jogos Olímpicos de Paris. Conhecendo as histórias de vida e superação deles, vemos como o esporte pode transformar vidas, e também como é preciso muito mais apoio e incentivo. Entre as alternativas, o investimento social privado pode ser uma solução para que nosso país se torne uma potência esportiva. Além disso, práticas como essas aumentam a possibilidade de que a população tenha os benefícios de se praticar esportes.
O poder do investimento social privado
O investimento maciço no esporte como agente de transformação pode elevar nossa colocação no quadro de medalhas nos próximos jogos. No entanto, apenas uma pequena minoria se tornará atleta de ponta e chegar a uma disputa olímpica. Ainda assim, a grande maioria que não chegará lá pode ter sua vida transformada pelo esporte e pelo investimento social privado.
Os países que lideram os quadros de medalhas, como os EUA, a China e a Austrália, investem no esporte como parte da formação das crianças e adolescentes, e a escola é local onde isso ocorre. Dessa maneira, mesmo com o esporte com um papel importante na formação educacional, a educação física ainda é negligenciada no nosso sistema educacional. Nesse sentido, juntar educação e esporte é uma receita vencedora, que transforma vidas e contribui para o desenvolvimento de um país.
No Brasil, temos bons exemplos de projetos que unem educação e esporte e trazem bons resultados, mas esses bons exemplos precisam ser multiplicados e ganhar escala. O setor público deu um importante impulso ao esporte de alto rendimento com a implementação do Bolsa Atleta, do Ministério do Esporte, em 2005. O Bolsa Atleta contribuiu para a melhoria de nossos resultados nos últimos jogos.
Mas, atualmente, segundo uma pesquisa realizada pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), 52% dos brasileiros raramente ou nunca praticam atividades físicas. Assim, para que o esporte se massifique no nosso país, contribuindo com a qualidade de vida da maioria da população e trazendo melhores resultados no esporte de alto rendimento, o investimento público sozinho não é suficiente. Assim, o Investimento Social Privado surge como uma alternativa para alavancar o impacto transformador no esporte.
Investimento Social Privado pode unir esporte e sociedade com trabalho em rede
Essa ótima matéria especial RedeGIFE sobre o tema traz alguns destes bons exemplos em que o ISP potencializa projetos transformadores que têm o esporte como foco, como o Projeto Jovem Feliz, do povoado de Angico dos Dias (BA), que foi aprovado em um edital do Instituto Lina Galvani. Mas também traz vários casos em que, sem acesso a um financiamento estruturado, atletas recorrem a vaquinhas e outros expedientes improvisados para arrecadar recursos e participar de competições.
O Investimento Social Privado ainda tem muito a avançar quando se trata de projetos ligados ao esporte. Segundo o Censo GIFE 2022-2023, apenas 20% das 137 organizações respondentes atuam com a categoria Esporte e Lazer no Brasil. Nenhuma delas indicou o esporte como foco prioritário. O apoio à área entre as organizações aparece prioritariamente nos incentivos fiscais. A Lei de Incentivo ao Esporte foi a segunda mais utilizada tanto no caso das federais, quanto nas estaduais.
Isso pode mudar por meio de uma dinâmica que conecte negócios à sociedade, direcionando da melhor forma os investimentos sociais e atuando como catalisador do desenvolvimento social. O fortalecimento do trabalho em rede é importante para que organizações sociais, investidores privados e o setor público se unam potencializem suas forças e recursos em ações com maior impacto, principalmente em projetos localizados em comunidades mais vulneráveis.
Resultados visíveis e alcançáveis
As Olimpíadas mostraram como o investimento consistente e a longo prazo em modalidades como o judô e a ginástica artística levam a resultados fantásticos. E não só em medalhas, mas na vida dos atletas e suas comunidades. O Brasil ainda é conhecido como o país do futebol. No entanto, a visibilidade que as diversas outras modalidades esportivas têm durante os Jogos mostra outro lado. Nesse momento percebemos o poder transformador para nossas meninas e meninos independente do biotipo ou da origem social.
Nossas duas primeiras medalhas de ouro em Paris, com a ginasta Rebeca Andrade e a judoca Beatriz Souza mostram isso bem. A baixinha Rebeca e a peso-pesado Bia, duas mulheres negras e periféricas, começaram no esporte por meio de projetos sociais e chegaram ao topo, com muito talento e dedicação e também apoio. Que elas sirvam de exemplo para muitos ouros no futuro!