Mapeando o ecossistema de investimento de impacto no Brasil

Na última década tivemos um grande avanço, no Brasil e no mundo, no tema do investimento de impacto social. Com um número cada vez maior de empreendedores sociais com grandes ideias e muita disposição para transformar nossa realidade buscando financiamento para suas ações, diversos atores surgiram para fomentar e gerir essa transferência de recursos.

Hoje, podemos dizer que temos um verdadeiro ecossistema do impacto social, e o Brasil é destaque nesse cenário. Afinal, aqui temos grandes desafios a superar, mas muita gente engajada e soluções criativas para solucionar nossos problemas, além de uma economia robusta e um mercado financeiro que cresceu muito neste período.

Os investimentos de impacto social no Brasil somaram US$ 785 milhões no final de 2019, quase o dobro dos US$ 343 milhões registrados dois anos antes, segundo o último relatório da Aspen Network of Development Entrepeneurs.

Esse ecossistema é complexo e se desenvolve mais a cada dia, mas podemos desenhar um mapa resumido dele a partir de algumas categorias e os principais players. São eles:

Gestores e fundos de investimento e grandes bancos

Nos últimos anos o mercado financeiro brasileiro se diversificou e se popularizou. Milhões de pequenos investidores passaram a se interessar e apostar na bolsa de valores e fundos multimercado. A queda dos juros ao nível mais baixo na história recente afastou os investidores da renda fixa. Novos players como a XP Investimentos e muitos outros, com auxílio da tecnologia que tornou investir muito mais fácil, oferecem novas modalidades e fundos.

Entre eles, têm ganhado destaque os fundos ESG, que investem em empresas com boas práticas socioambientais e de governança, e os de impacto social, que investem em negócios sociais que, além de retorno financeiro, fazem a diferença na vida de populações vulneráveis. Gestores de capital como a Vox Capital e o Positive Ventures se especializaram nesse segmento.

A principal notícia no universo do investimento de impacto nos últimos anos foi a entrada dos maiores bancos que operam no país nesta área, levados pelas financeiras e fundos menores que abriram este caminho. Fundos de investimentos com a solidez de marcas como o Santander e o Itaú hoje são opções para os investidores brasileiros que querem ajudar a melhorar o mundo enquanto protegem seu patrimônio.

Associações

O desenvolvimento do ecossistema de impacto levou naturalmente a criação de associações e órgãos formados pelos principais players para influenciarem no tema por meio de publicações, pesquisas e advocacy. Uma das principais é a Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto: iniciativa criada em 2014 para apoiar o fortalecimento de um ecossistema para a agenda de investimento e negócios de impacto através de produção e disseminação de conteúdo e articulação com atores estratégicos.

Fundações e Institutos

Fundações e institutos ligados a grandes empresas e investidores ou famílias filantropas também têm um importante papel na formulação de políticas de combate à pobreza e estímulo ao desenvolvimento sustentável por meio de capacitação, conteúdo, e todo tipo de apoio aos empreendedores sociais. Como exemplos podemos citar o Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), que atua como diretoria executiva da Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto, responsável pela estratégia e operação de atividades, e o Pipe.social, uma plataforma-vitrine que conecta negócios com quem investe e fomenta o ecossistema de impacto e também produz conteúdo de referência, como o Mapa de Negócios de Impacto Social + Ambiental, maior pesquisa nacional do mercado de impacto. O Instituto Órizon, formado pelos fundos de investimento Patria, Carlyle, Vinci Partners e WarburgPincus, focado em apoio a iniciativas pela educação de qualidade, se encaixa nessa categoria.

Incubadoras e aceleradoras

Alguns destes institutos, como o ICE, agem também como aceleradoras e/ou incubadoras de negócios de impacto. Estas entidades são fundamentais para a estruturação dos negócios orientados à resolução de desafios socioambientais. Elas podem ser de base tecnológica ou comunitária e pertencer a diversos setores, portes e perfis. Existem incubadoras e aceleradoras ligadas a universidades públicas e privadas, parques tecnológicos e independentes. Como os nomes indicam, as incubadoras agem mais nos estágios embrionários do negócio, para transformar uma ideia em realidade, e as aceleradoras dão aquele empurrão que iniciativas já em andamento precisam para ganhar escala. Entre as aceleradoras mais conhecidas estão a Artemisia e o Projeto Legado, e entre as incubadoras, podemos destacas a Yunus Negócios Sociais e a Semente Negócios.

Esses só são alguns exemplos bem resumidos deste universo que não para de crescer! Acreditamos que há ainda muito espaço para que de fato possamos construir um mundo melhor para todos, e a educação, como grande ferramenta de transformação, é uma peça-chave para a realização deste sonho.

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