A união faz a força! Essa frase já foi tão repetida que virou um clichê, mas nem por isso é menos verdadeira. Afinal, para usar outro dito popular, “uma andorinha só não faz verão”. Para enfrentar e vencer desafios como transformar a educação no Brasil e garantir educação pública de qualidade para todos, é preciso muita parceria entre diversos tipos de instituições e entidades do poder público, do setor privado, e do terceiro setor.
Parcerias são fundamentais para projetos de grande escopo, nos quais é necessário que diversas competências se complementem para atingir o resultado desejado. Essas parcerias podem ser em OSCs e governos/órgãos públicos, OSCs e empresas, e também entre duas ou mais OSCs. Esse último caso ainda não é muito comum, mas tem um enorme potencial para gerar sinergia e impulsionar ações efetivas de impacto social, em especial projetos mais ambiciosos e pensados a longo prazo.
Essas parcerias podem ser, por exemplo, entre organizações maiores e mais bem estabelecidas, e pequenos empreendedores sociais que tiveram uma ideia inovadora de ação de impacto que deu certo em escala local. Com o apoio de um “grande”, essa ação pode ganhar escala e beneficiar um número muito maior de pessoas e comunidades.
Foi com esse modelo que a economia das startups se desenvolveu enormemente e criou uma verdadeira revolução tecnológica. As ideias inovadoras surgem com empreendedores independentes, que buscam financiamento de venture capital ou investidores-anjo para que sejam aplicadas em larga escala. Esse modelo ainda raramente ocorre no terceiro setor, mas isso está mudando e cada vez mais vemos negócios sociais, por exemplo, implementando soluções inovadoras para gerar renda e desenvolvimento para comunidades vulneráveis.
Existem ainda alguns gargalos na cultura do terceiro setor que impedem que as parcerias entre pequenos empreendedores sociais e grandes organizações avance. Alguns deles são:
Projetos com escopo limitado
Geralmente, o modelo de ação de impacto social ainda é muito calcado em projetos com objetivos e prazos bem definidos, para que recebam o financiamento de fundações ou grandes organizações. Isso faz sentido para que seja possível avaliar se o impacto pretendido foi de fato realizado, mas acaba prejudicando soluções e ideias mais inovadoras e “fora da caixa”, além de impedir que projetos que tenham pontos em comum se conectem.
Competitividade
No setor privado, a lógica é da competição, e no mundo das startups isso é bem nítido: diversas pequenas empresas e empreendedores disputam para vender sua grande ideia aos investidores e só alguns conseguem. Porém, quando pensamos em impacto social, competir não faz sentido. É preciso cooperar. Grandes OSCs ficam receosas em escalar soluções “vindas de fora”, mas não deveriam. Quando inovações sociam ganham escala, todos são beneficiados.
Falhas de comunicação
Muitas dificuldades não só em ações sociais, mas na vida, decorrem de má comunicação entre as partes. Por exemplo, a diretoria de uma OSC pode estar empolgada com uma nova solução, mas falha em transmitir a importância dela e transmitir esse entusiasmo para a equipe de campo, que vai de fato executar o projeto. Também pode ocorrer o oposto: o pessoal do campo viu soluções que funcionam na prática, mas falham em comunicar isso à diretoria. Esse problema é maior quanto maior é a organização. Por isso, as grandes OSCs precisam desburocratizar seus processos e diminuir a distância entre o operacional e quem toma as decisões.
Para evitar esses e outros problemas que limitam a parceria entre grandes organizações e pequenos empreendedores sociais, as grandes OSCs precisam começar a tratar os empreendedores sociais independentes mais como “laboratórios de inovação”. Temos um ecossistema vibrante de empreendedores com grandes ideias que só querem ver suas ideias ganharem escala e terem impacto para mais gente. É normal que algumas não deem certo, mas uma operação de escala bem-sucedida pode compensar as que foram decepcionantes. É preciso pensar grande!