Desde 2020, a sigla ESG entrou definitivamente no radar. A percepção de que precisaremos, enquanto sociedade, fazer mais para enfrentar enormes desafios como as mudanças climáticas, a desigualdade e pandemias como a da Covid-19, está levando empresas, investidores, governos e sociedade civil a priorizar esses temas.
O ESG surgiu como um “guarda-chuva” para abrigar iniciativas e ações do setor privado sobre os temas do meio ambiente, questões sociais e governança, e também mecanismos do mercado financeiro para apoiar as empresas que levam a sério esse tema. Os fundos focados em ESG, que investem em empresas que demostram ações efetivas nessas áreas, têm crescido rapidamente e se valorizando acima da média do mercado.
Para 2022, com o desafio da pandemia ainda presente – mas com boas perspectivas de solução devido ao avanço da vacinação – e o tema das mudanças climáticas ainda mais em evidência, tudo indica que o ESG seguirá crescendo e se consolidando como uma das principais ferramentas para vencermos esses grandes desafios. Mas para que ele atinja todo o seu potencial, especialistas apontam a necessidade de refinar esse modelo.
Mudanças climáticas são prioridade, mas foco no social deve aumentar
No campo ambiental, a conferência COP26, realizada no início de novembro em Glasgow (Escócia), estabeleceu metas arrojadas de redução de emissão de carbono para manter o aquecimento global na faixa de 1,5°C nas próximas décadas. O setor privado foi um dos destaques da conferência como liderança desse processo, com muitas das maiores empresas do mundo se comprometendo a serem “carbono neutro”.
Na frente social, os efeitos da pandemia, que aumentou a desigualdade social e afetou desproporcionalmente mulheres, negros e moradores das regiões mais pobres, aumentando inclusive o déficit educacional, e o reconhecimento da necessidade de se trabalhar a diversidade e inclusão nas chaves de raça, gênero, orientação sexual, deficiências, entre outras, exigem maior ênfase no S do ESG.
No pilar da Governança, os olhares também estão cada vez mais voltados ao que as empresas fazem para terem mais ética e integridade nas suas operações, combatendo a corrupção por meio de ações de compliance e formalizando em códigos e documentos um maior comprometimento com a transparência nos processos corporativos e relações de negócios.
O que precisa avançar no ESG?
Um dos principais desafios para avançar a agenda ESG e conseguir um consenso e padronização nas métricas que medem os avanços, por exemplo, na redução de emissão de carbono, para obter números e metas mais precisos. Ter dados confiáveis, acessíveis e obtidos em tempo real é uma necessidade para os gestores de fundos ESG direcionarem seus investimentos com maior eficácia. Isso exige alto grau de coordenação entre os setores público e privado, em especial das entidades que coletam e divulgam os dados, sejam organizações não-governamentais, agências do governo ou empresas.
Outro fator necessário para a consolidação do ESG é a ação coletiva dos investidores, que pode se manifestar de diversas formas. Os investidores têm um papel importante como influenciadores do comportamento das instituições, ajudando a dar escala, eficácia e educação nas ações nos temas relacionados ao ESG. Essa cooperação deve ser internacional, e o Brasil é um destino natural de investimentos pela importância que temos na área ambiental, como país que tem a Amazônia e as maiores reservas de biodiversidade e água potável do planeta.
Em relação ao financiamento das ações abrigadas sob o ESG, a tendência é que as soluções para as mudanças climáticas, pobreza e desigualdade devem ser fomentadas por uma combinação do investimento privado, gasto fiscal e a emissão de dívida por governos. Com as contas públicas da maioria dos países no limite, pressionados pelos gastos necessários para conter a pandemia da Covid-19, os investidores serão cruciais para trabalhar junto ao poder público. A transição para fontes de energia renováveis e limpas deve ser a grande prioridade.
Realmente os desafios são gigantescos, mas a movimentação em torno do ESG nos últimos anos e o reconhecimento por todos os setores da sociedade de que precisamos agir rapidamente e de forma decisiva dá razões para ter esperança. Ainda vamos falar muito disso!
Para saber mais:
ESG: O que moldará os investimentos sustentáveis em 2022? – XP Investimentos