Nosso mundo está mudando a uma velocidade impressionante. Um jovem nascido já neste século cresceu num planeta muito diferente de quem já tem mais de quarenta anos e nasceu antes da popularização da internet e da revolução digital. O que significa ser jovem hoje? Para responder a essa pergunta, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), em parceria com o instituto de pesquisas Gallup, realizou uma grande pesquisa com mais de 22 mil entrevistados de 21 países. O Projeto Infância Transformadora (Changing Childhood Project) foi criado para explorar essas mudanças e entender melhor o que significa ser uma criança ou adolescente no século 21. E as respostas são muito interessantes!
Para compreender como os adolescentes e jovens veem o mundo de forma diferente dos adultos mais velhos, a pesquisa dividiu os entrevistados em dois cortes de idade: metade tem entre 15 e 24 anos e a outra metade mais de 40 anos. No geral, os resultados mostram uma grande diferença na visão de mundo dos jovens e dos mais velhos, em especial sobre como os jovens se identificam com o mundo à sua volta, suas perspectivas de futuro e valores.
Jovens acreditam em um futuro melhor, mas lutam com a pressão e saúde mental
Há motivos para ter esperança: apesar de todas as crises que enfrentamos, da pandemia da Covid-19 às mudanças climáticas e aumento das desigualdades, os jovens em sua maioria acreditam que o mundo – e as pessoas – estão melhores a cada geração. Eles acham que o mundo é um lugar melhor para as crianças hoje do que quando seus pais estavam crescendo – mais seguro e com mais oportunidades, educação e esperança.
Mas isso não quer dizer que tudo são flores: os jovens estão lutando com problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão e afirmam sofrer muita pressão para serem bem-sucedidos. Em especial, eles entendem e exigem que haja uma ação mais enérgica para combater as mudanças climáticas, a desigualdade e violações de direitos humanos.
No geral, as diferenças de ponto de vista entre os jovens e os mais velhos são grandes nos diversos perfis de renda, gênero etc. Mas esse contraste é maior nos países mais ricos, e os homens e mulheres jovens pensam mais parecido entre si do que os homens e mulheres mais velhos.
Tecnologia digital é o principal divisor entre jovens e mais velhos
A grande divisão é em relação à tecnologia digital. Há um verdadeiro abismo geracional não só em relação ao uso de tecnologias digitais, mas na percepção de seus benefícios, e riscos, para as crianças.Por exemplo, 77% dos jovens na média dos 21 países usam a internet diariamente, contra 52% dos com mais de 40 anos. A principal fonte de informação de quem tem entre 15 e 24 anos é a internet, em especial as mídias sociais, enquanto para os mais velhos a mídia tradicional, como a televisão, ainda prevalece. 45% dos jovens usam a mídia social para se informar, contra apenas 17% dos mais velhos.
Os temas em que as opiniões dos mais velhos e dos jovens estão mais próximos são em relação a melhores oportunidades para os jovens da atualidade e também à maior pressão e chance dos jovens desenvolverem problemas de saúde mental. Por exemplo, 59% dos jovens e 56% dos mais velhos concordam que as crianças de hoje sofrem mais pressão para serem bem-sucedidos do que seus pais. Já em relação às perspectivas de futuro, a diferença é grande: 57% dos jovens acham que o mundo está ficando melhor, contra apenas 39% dos mais velhos. Um dado importante é que a confiança de que os jovens se sairão melhor economicamente que seus pais é maior nos países em desenvolvimento do que nos países ricos, em que 59% acham que as crianças terão um futuro pior que seus pais.
Resumindo, a percepção de que há uma grande divisão geracional na atualidade foi apenas parcialmente confirmada pela pesquisa do Unicef. Embora haja diferenças, principalmente devido à alta velocidade das mudanças com a tecnologia digital, elas não são uniformes. Os dados do levantamento refutam as opiniões de que as novas gerações estão mais “mimadas” e reclamam sem motivo. O que a pesquisa mostra é que os mais velhos, em especial os que estão em posições de poder, têm muito ao ganhar ouvindo mais as demandas dos jovens. É assim que construiremos um futuro melhor e venceremos os grandes desafios da atualidade!
Saiba mais
Projeto Infância Transformadora – Unicef