Quais são os principais desafios da valorização docente no Brasil?

Sempre ouvimos falar que transformar a educação no Brasil passa por valorizar o docente. De fato, nossos professores possuem o piso salarial mais baixo entre 40 países, segundo relatório recente da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Esse é um problema histórico, mas o baixo salário é só o aspecto mais visível da desvalorização docente. Nos últimos dois anos, com a pandemia da Covid-19 e o ensino remoto, os professores tiveram que se desdobrar para dar aulas online, muitas vezes sem ter recebido qualificação para operar as ferramentas digitais ou apoio para ter uma boa conexão de internet em casa. E esse é só um exemplo.

Além de um salário digno, ter um processo formativo de qualidade, uma carreira bem estruturada e boas condições de trabalho são parte da valorização docente. Infelizmente, isso ainda está distante da realidade de boa parte dos professores brasileiros. Muito se deve ao baixo prestígio que a carreira docente tem em nossa sociedade. Segundo a pesquisa Reading Between the Lines – What the World really thinks of Teachers, realizada pela Varkey Foundation, entre 35 países analisados, o Brasil é a nação na qual os professores têm menor prestígio na sociedade.

Há uma relação direta deste desprestígio com o fato de as mulheres serem grande maioria entre os docentes da educação básica: De acordo com dados do Censo Escolar 2020, 96,4% dos docentes da Educação Infantil brasileira, 88,1% no Ensino Fundamental e 57,8% no Ensino Médio são do sexo feminino. Na gestão, 80,6% das pessoas em cargo de diretoria são mulheres.

Esses profissionais pouco valorizados, com formação deficiente e muitas vezes desmotivados precisam encarar diariamente imensos desafios nas salas de aula. Os estudantes vêm de diferentes contextos familiares, muitas vezes com histórico de violência, múltiplas dificuldades de aprendizagem, e grande desigualdade no acesso a recursos tecnológicos e acesso à internet, como ficou claro na pandemia. Em muitas escolas públicas, falta infraestrutura básica como banheiros, água potável e internet banda larga. Os professores se sentem impotentes e solitários frente a todos esses desafios.

Formação continuada dos profissionais é fundamental

Valorizar o professor não significa falar que eles são heróis. É preciso dar condições para que eles possam se dedicar com amor e transformar a realidade das comunidades em que atuam. Apesar das raízes históricas da desvalorização docente, temos visto recentemente boas iniciativas para reverter esse quadro. O Plano Atual de Educação elenca nas suas metas 16, 17 e 18 a formação continuada, valorização salarial e planos de carreira para os educadores da rede pública da Educação Básica.

Em especial, a formação inicial dos docentes ainda é muito defasada em relação aos desafios atuais que eles enfrentarão ao pisar na sala de aula. Os professores precisam buscar por conta própria cursos de aperfeiçoamento para aprimorar suas práticas cotidianas de ensino. Esses processos de educação continuada devem abarcar aspectos como compreensão do currículo, domínio didático-pedagógico, entender os estudantes e como eles aprendem, realizar intervenções pedagógicas diversas, criar e manter ambientes favoráveis à aprendizagem e atuar em conjunto com a equipe escolar, famílias e comunidade.

Tudo isso faz parte do Especial rede GIFE sobre os desafios da valorização docente no Brasil, que reuniu diversas pesquisas sobre o tema e ouviu educadores e especialistas para mapear as principais demandas e desafios desses profissionais. O especial traz ainda bons exemplos de como o setor privado e o terceiro setor podem se unir ao poder público para implementar projetos que valorizem os professores da Educação Básica. Nós do Instituto Órizon acreditamos nisso e estamos fazendo nossa parte ao apoiar iniciativas de impacto social com foco na Educação.

Para saber mais:
Especial rede GIFE Desafios da Valorização Docente no Brasil

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