Durante o primeiro edital de apoio do Instituto Órizon, identificamos na Fundação Iochpe uma organização social da área de educação que já possuía uma gestão bem sólida e estruturada, mas que tinha a necessidade de impulsionar para seus processos de digitalização da oferta social. Assim, criamos uma frente para construir com eles um plano, com o objetivo de identificar o que precisavam e como transformar em realidade.
Agora, vamos conhecer melhor a Fundação Iochpe e como nosso apoio irá ajudá-los, nas palavras de Claudio Anjos, presidente da organização. Confira a entrevista!
1. Para começar, fale um pouco sobre a história, principais projetos e outras informações relevantes sobre a organização social.
A Fundação Iochpe desenvolve programas nas áreas de educação e cultura por meio de parcerias com instituições públicas e privadas desde 1989. É instituída como entidade sem fins lucrativos qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), que se dedica a apoiar profissionais e empresas em suas ações de investimento social. Com olhar prioritário na educação de crianças, adolescentes e jovens, apoiamos ações de investimento social e atividades culturais, beneficiando quase 65 mil pessoas, por ano, em todo o Brasil. Os programas sociais, nos vários níveis do ensino básico, promovem o desenvolvimento integral de crianças e jovens. Buscam capacitá-los a exercer uma profissão, ampliar suas habilidades de expressão e comunicação e estimular sua criatividade, reforçando, assim, sua formação como cidadãos.
Os principais programas desenvolvidos pela Fundação Iochpe hoje são: Formare (cursos de qualificação profissional inicial voltados para jovens em situação de vulnerabilidade econômica e social na faixa etária de 16 a 19 anos. As aulas ocorrem dentro das empresas parceiras e são ministradas pelos próprios colaboradores dessas organizações, que se tornam educadores voluntários); Mentorare (plataforma on-line pela qual pessoas com o mesmo perfil do Formare são convidadas a uma jornada de autoconhecimento para elaboração de um projeto de vida e trabalho por meio de trilhas autoinstrucionais e mentoradas) e eFormare (plataforma on-line cujo propósito é levar a qualidade do Programa Formare para um número maior de jovens, em um modelo de formação profissional 100% a distância ou híbrida). A Fundação Iochpe também é a entidade mantenedora do Instituto Arte na Escola, maior organização nacional que incentiva e fortalece o ensino de Artes no Brasil.
2. Conte uma curiosidade sobre a organização social.
A Fundação Iochpe, por meio do Formare, consegue mobilizar cerca de 4 mil voluntários, número quatro vezes maior do que o de jovens atendidos pelo programa.
3. Qual a sua visão de futuro para a educação do Brasil?
Acreditamos que a educação é a base mais sólida para um país se desenvolver de maneira sustentável e igualitária. É o princípio para que outras ações sejam planejadas e executadas de maneira integrada, mas sempre priorizando o ensino em suas diversas modalidades, para todas as faixas etárias. A Fundação Iochpe, ciente do seu papel na sociedade, busca oferecer oportunidades a esses públicos, pois acredita que somente dessa maneira podemos construir um futuro melhor (e mais justo) para todos.
4. Qual a diferença que esse aporte do Órizon vai trazer para a organização?
O Programa Formare está passando por uma transformação digital que permitirá ampliar seu impacto social. Com mais de 32 anos de sucesso na formação profissional de jovens em um modelo 100% presencial, realizado dentro das empresas parceiras, começamos a migrar para modelos 100% online ou híbridos em 2020.
O primeiro passo foi desenvolver o Mentorare, uma plataforma web para mentoria de jovens (app.mentorare.org.br) construída e testada em 2021, com recursos do JP Morgan Chase e apoio de parceiros institucionais, e que agora se encontra em fase de correções técnicas para implantação em empresas da Rede Formare e expansão para outras em potencial.
Para os anos de 2022 a 2024, propõe-se a construção de um currículo integrado completo no eFormare, que poderá ser oferecido em modelo de formação híbrida de 1.200h. Esta carga horária foi pensada para atender a demanda do novo Ensino Médio: o 5º itinerário formativo. Além disso, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2020), divulgadas pelo IBGE, mostram que a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos ficou em 29,8% no final de 2020. Isso representa uma alta de 6 pontos percentuais em relação a 2019. É a maior taxa anual da série histórica, iniciada em 2012.
O eFormare nasce, então, como forma de contribuir para a melhoria da educação básica e promover a inclusão produtiva de maneira sistêmica, garantindo a qualquer jovem de qualquer estado brasileiro, dentro ou fora da escola, uma formação completa e de qualidade para a vida e o trabalho.
A parceria entre Fundação Iochpe e Instituto Órizon visa somar esforços para o desenvolvimento do eFormare, que já conta com um aporte para a produção de 32 unidades curriculares com 10h cada (16 competências gerais e 16 competências específicas).
A parceria com o Instituto Órizon viabilizará ampliação e aprimoramento do projeto em andamento com JPMC, proporcionando aos jovens em formação uma experiência de imersão profissional baseada em:
● Aplicativo Mentorare (versões iOS e Android);
● Imersão em realidade virtual por combinação de imagens 360° e vídeos que simulam a jornada de profissionais em três empresas distintas para resolver problemas cotidianos;
● Desafios apresentados em forma de projetos integradores a serem empreendidos na empresa e na comunidade.
5. Do processo da Tese de Digitalização, o que você acha que já serviu de aprendizado para a organização?
Durante a pandemia da COVID-19, ficou evidente a necessidade da Fundação Iochpe passar por um processo de transformação digital em várias áreas. Sem uma ferramenta de marketing digital integrada a um CRM, ações de captação se perdem quando não registradas em Excel. A falta de um sistema de gestão de projetos leva a dificuldades de comunicação e controle na implantação de novos produtos. O controle financeiro é feito em Excel e existem três diferentes sistemas de gestão de alunos não integrados entre si, nem com as demais ferramentas. Por fim, o Programa Formare precisava de um sistema de gestão de aprendizagem (LMS). Ao longo de 2021, realizamos uma análise profunda de soluções digitais para CRM, gestão de projetos, atendimento a clientes e gerenciamento de aprendizagem (LMS), dentre outras funcionalidades. O resultado foi a escolha de um sistema completo, que começa a ser implantado neste ano de 2022.
Paralelamente, desenvolvemos e testamos uma plataforma de aprendizagem com foco na construção de projeto de vida e trabalho, o Mentorare. Obtivemos ótimos resultados, comprovando ser possível oferecer formações profissionais para jovens em situação de vulnerabilidade em modelos online ou híbridos.
6. Quais as expectativas de mudanças daqui para frente?
Com a digitalização de seus cursos, a Fundação Iochpe espera ganhar escala no atendimento a jovens em situação de vulnerabilidade econômica e social sem perda da qualidade pela qual é reconhecida internacionalmente. O plano é passar de +1.000 jovens por ano em 2021 para chegar a 85.000 até 2025, passando a atender 0,5% da população jovem no Brasil, totalizando 85.000 jovens por ano, entre estudantes do Ensino Médio e jovens sem estudo e sem trabalho (sem-sem).
A partir das experiências dos pilotos a serem empreendidos neste e nos próximos 3 anos, pretendemos estabelecer um modelo de formação profissional que promova mudança sistêmica, de modo que estudantes de escolas públicas no Brasil possam elaborar e concretizar seus projetos de vida e trabalho.
Ajudar iniciativas incríveis como essa da Fundação Iochpe a ganharem escala e atingirem um grande número de jovens por meio da tecnologia digital é nosso propósito aqui no Instituto Órizon. Assim, acreditamos que é possível transformar a educação e garantir um futuro melhor para nossos jovens e para o Brasil!